Minas vai fabricar peça para TV digital

Geórgea Choucair e Patrícia Aranha

Governador afirma que estado contratou especialistas e é o mais preparado do país para receber o investimento

Minas Gerais pode ter uma fábrica de semicondutores, caso o governo escolha o sistema japonês de TV digital (ISDB). “Minas avançou na construção do projeto para ser a receptora dessa fábrica. Contratamos consultorias internacionais altamente qualificadas. Nenhum estado está tão preparado e avançou tanto para receber o investimento”, afirmou ontem o governador Aécio Neves. As regiões mais cotadas são a cidade de Santa Rita do Sapucaí, no Sul do estado e a Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em Santa Rita do Sapucaí já está em andamento um projeto de transmissor de TV digital feito em parceira do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) com a empresa Linear. Há um consórcio com outros institutos de pesquisa para melhorar a tecnologia, que já vem sendo até mesmo exportada para países como o México.

A dura batalha está entre o padrão japonês e o europeu (DBV). O principal argumento na defesa do padrão japonês é que ele oferecerá imagens de alta definição (HDTV), muito superiores às dos DVDs. O governo obteve do Japão o compromisso de que cerca de US$ 2 bilhões serão investidos na fabricação de semicondutores (componente usado na fabricação de transistores e microprocessadores) e TVs de plasma.

Está na disputa também, mas praticamente sem chances, a tecnologia americana (ATSC). Isso porque os Estados Unidos e as empresas americanas se recusaram a fazer transferência de tecnologia e a instalar fábricas no país. Hoje, as empresas que produzem TV no Brasil são praticamente montadoras. A maioria dos componentes de alta tecnologia é importada. No acordo com os japoneses, parcela desses componentes seria fabricada no Brasil. A decisão de investir em uma fábrica de semicondutores no Brasil pode levar entre seis meses e um ano. A escolha do padrão pelo governo envolve ministros de estado de países estrangeiros, multinacionais fabricantes de equipamentos, operadoras de telecomunicações e redes de TV.

Para receber sinal digital ainda no segundo semestre deste ano, o telespectador vai precisar gastar pelo menos R$ 200. Essa é a estimativa otimista do preço mais baixo das caixas decodificadoras. Qualquer televisor comprado nesta década poderá ser transformado em digital com uma caixa dessas. A TV digital vai ser implantada de forma gradual em todo o país. Primeiro, as redes instalarão novos transmissores em São Paulo, depois no Rio de Janeiro e nas principais capitais. A expectativa é de que leve mais de 10 anos para cobrir todo o país. No último ano, cerca de 1,2 mil pesquisadores brasileiros estudaram cada padrão e também maneiras de adaptar os sistemas estrangeiros às necessidades e prioridades brasileiras.

Fonte: Superavit

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